domingo, 26 de julho de 2009

Sístole e Diástole

Concentrar-se internamente e expandir-se externamente

Os movimentos de contração e expansão, de sístole e diástole, de conter-se e de soltar-se, são à base da saúde física e emocional. Percebo que me tornei SELETIVA internamente à medida que me tornei INCLUSIVA externamente. Acho que essa é uma posição madura, mas que me tem sido muito onerosa. Como o processo ainda não está sedimentado, estou pagando com a solidão. Tornei-me “pouco palatável” como fala meu ex namorado Ion. A verdade é que os diálogos entre as pessoas são verdadeiros monólogos. Cada um vê o outro como o seu espelho e, se relaciona com o que existe de seu dentro do outro. Esse padrão equivocado de relacionamento leva com o tempo a rupturas e desgostos nos relacionamentos. As pessoas gostam de se mover dentro do que lhe é conhecido, por isso escrevi no primeiro texto desse blog sobre os padrões e referencias internas e de, o quanto elas nos fazem sentir segura. Desprender-se dessas referencias, soltar as amarras e perder-se num mundo emocional sem bordas nem fronteiras é ameaçador para a maioria das pessoas. É claro que todo esse preâmbulo com pretensões filosóficas só foi possível porque fatos concretos e corriqueiros aconteceram na minha vida e me fizeram ver o quanto me tornei SELETIVA internamente e INCLUSIVA externamente. Essa semana se passou com um quase infarto e um desgaste com uma pessoa conhecida. O quase infarto deve-se um cansaço emocional gigantesco que vem se acumulando ao longo desses últimos onze anos e com isso a redução da capacidade de trabalho e a conseqüente quase inadimplência financeira. Fica difícil descansar e repousar quando não se tem ninguém para lhe substituir e tocar o barco da casa, dos blogs dos animais das contas a pagar, do mercado a fazer e por ai vai....
Uma conhecida minha se propôs a ajudar e isso só causou mais estresse ainda. Como essa pessoa é muito prestativa e tem um coração de ouro, fiquei a me perguntar por que tudo havia se tornado tão difícil. Foi então que me dei conta de tudo isso que aqui relato. Essa conhecida minha se relaciona comigo, como se eu fosse ela, o que a fez se chegar para perto de mim, foram os pontos em comum, mas é assim que todos os relacionamentos começam, com os pontos em comum com a admiração mútua. Eu gosto de musica clássica e ela é pianista, BINGO! Só que de repente ela fica desconcertada, pois quando criei esse blog o clip que coloquei foi de HIP HOP. Acontece que ela gosta de música clássica e eu, ao gostar de musica clássica não excluo os outros gêneros musicais. Percebo que me tornei INCLUSIVA, ou seja incluo tudo e todos que me cercam embora possa ser SELETIVA internamente. Recentemente essa minha amiga, preocupada com os adolescentes da família dela me falou que tinha horror a drogas e eu confirmei que também tinha, só que ela quase teve um treco quando eu disse ser a favor da liberação da maconha. Aí é que eu entendo do Íon dizer que sou “pouco palatável”, mas a verdade é que apesar de não gostar de drogas acho que cada pessoa deve ter liberdade para escolher se deve ou não consumir maconha. Sou a favor da liberdade de escolha e do livre arbítrio, embora dentro do meu universo SELETIVO interno, eu não tenha escolhido para mim essa opção. Quando uma pessoa vive dessa forma que eu vivo, ela fica difícil de ser mapeada, foge ao padrão convencional e deixa o outro desconcertado porque recorre aos seus arquivos internos e não encontra nada semelhante no seu universo pessoal. Essa pessoa que se propôs a me ajudar via em mim apenas o que era semelhante a ela como no caso da música clássica. Isso ficou patente quando ela resolveu tomar o leme do meu barco para que eu pudesse descansar e de repente ela estava a frente de uma pessoa que na realidade era muito diferente da figura que ela havia construído dentro dela.O resultado foi eu ter que tomar a desagradável atitude de pedir que se distanciasse para evitar um esgotamento ainda maior do meu já debilitado estado de saúde. Ao tomar o leme da minha vida ela esqueceu de olhar para mim e de ver o que eu realmente precisava e começou a abastecer a minha casa e a mudar os horários e a imprimir um ritmo que era dela e que nada tinha a ver comigo. A dificuldade de olhar o outro como um indivíduo diferente de si e, com necessidades próprias e peculiares, a dificuldade de perguntar, o que VOCÊ necessita, é muito grande pois nos obriga a sairmos de nós mesmos rompermos com o monologo autista e começarmos a manter um diálogo rico e maduro

Um comentário:

  1. Voce escreve e se expressa muito bem, Ruth.
    É uma narrativa muito madura e segura do que é a sua realidade.
    Voce é transparente naquilo que acredita. Não é hipócrita nem interesseira como tantos por aí.
    Não julga o outro, e respeita as escolhas de cada um.
    Nao se lamenta, e não fica à espera de que alguem faça algo por você.
    Vai á luta, mesmo com o bolso furado, e com o coraçao partido.
    Bjo grde.,
    su

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